Policial
'Tudo indica' que vacinas aplicadas clandestinamente em MG sejam falsas
Publicado em: Domingo, 31 de Janeiro de 2021, 22:15h - Por: RedaçãoUma das três linhas de investigação da Polícia Federal, sobre o esquema de vacinação clandestina envolvendo políticos e empresários do setor de transporte de Belo Horizonte, vem ganhando força à medida que a Operação Camarote avança. Os imunizantes aplicados não seriam contra a Covid-19, mas sim falsificados.
“Pelos indícios do material que foi identificado, tudo indica que seja material falso”, disse o delegado Rodrigo Morais Fernandes.
Este material foi apreendido na casa da cuidadora de idosos Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas. A mulher é suspeita de se passar por enfermeira e comercializar ilegalmente vacinas contra a Covid-19.
De acordo com a polícia, Cláudia Mônica é a profissional responsável pela vacinação de empresários na garagem de ônibus da empresa da família Lessa , em Belo Horizonte. Ela foi presa nesta terça-feira (30).
O delegado Leandro Almada havia adiantado à TV Globo três linhas de investigação: supostamente, pode ter havido a importação irregular ou ilegal de imunizantes; também há hipótese de desvio de imunizantes pelo Ministério da Saúde; e fraude.
Uma especialista em vacinação analisou fotos divulgadas pela Polícia Federal que mostram o material apreendido. Segundo ela, há seringas sem rótulo de identificação, o que causa estranheza. Pela embalagem, trata-se de vacina contra influenza, vírus da gripe.
Sobre embalagens de cloreto de sódio, ela disse que a substância é usada no preparo de soluções para injeções na veia, mas não é recomendado para as que são aplicadas via intramuscular, como no braço.
Já as seringas de 3 ml, também encontradas na casa da falsa enfermeira, são indicadas para este fim.
Procurada, a defesa de Cláudia Mônica não se manifestou sobre o assunto.
Irmão Lessa admitem vacinação
Os irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da empresa de transportes Saritur, admitiram em depoimento à Polícia Federal, realizado nesta segunda-feira (29), que compraram vacinas contra a Covid-19.
O valor cobrado por duas aplicações foi de R$ 600.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/C/0/p5Z9tDTNudPaKBzN1Zcg/globocop-operacao-saritur-30-03-16-53-frame-33764.jpeg)
PF cumpre mandados em casa de falsa enfermeira — Foto: Reprodução/TV Globo
De acordo com a PF, a mulher, que fingia ser enfermeira, tem passagem por furto e também teria comercializado a vacina falsificada, importada ilegalmente ou desviado do Ministério da Saúde para outras pessoas em Belo Horizonte, além dos investigados na operação Camarote. A PF investiga a origem das vacinas vendidas pela dupla, para identificar se são realmente falsificadas ou importadas de maneira ilegal. Um mandado também foi cumprido em uma clínica.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/q/G/5z832PQRidiGts7YQZPA/whatsapp-image-2021-03-29-at-13.59.26.jpeg)
Rômulo Lessa, de camisa escura, chega acompanhado do irmão, Robson Lessa, na Polícia Federal — Foto: Reprodução/TV Globo
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na garagem onde supostamente ocorreu a vacinação e em residências dos empresários. Aparelhos celulares, computadores e documentos, incluindo uma lista com 57 nomes de pessoas que teriam se vacinado clandestinamente, foram apreendidos.
A defesa de Robson e Rômulo Lessa informou que os irmãos não vão se manifestar. Disse apenas que eles foram ouvidos como testemunhas no inquérito e não como investigados
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/A/C/nBEJFATfytA9aPWlH7GQ/monica.jpg)
Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas — Foto: Reprodução/TV Globo
A operação foi deflagrada após reportagem da revista Piauí, publicada no dia 24 de março, quando foi revelada por meio de vídeos a vacinação clandestina de empresários e políticos dentro de uma das garagens de empresas comandadas pelos irmãos Lessa.
Fonte: G1